sexta-feira, julho 30, 2004

Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças

Não consigo passar muito tempo sem comentar sobre as maravilhas do cinema. Esse é, sem dúvidas, um dos melhores filmes que está atualmente em cartaz nos cinemas. Vale muito a pena ver. Para quem não viu, sugiro que não leia esses comentários e tire suas próprias conclusões a respeito do filme. De qualquer forma, o filme sugere, na minha humilde e ignorante opinião, algumas coisas interessantes. Primeiro que o amor não é simples reação química que acontece em nosso cérebro (ou corpo). Existe algo que vai além, algo que não conseguimos explicar... Percebemos isso quando os personagens, sem lembrarem, voltam a se apaixonar (e isso fica mais claro ainda com a secretária da clínica, que não consegue evitar de se apaixonar também). Também é interessante pensar a respeito de como devemos aprender a perdoar e a aceitar a outra pessoa, pois no fundo as coisas mais importantes são as melhores. No filme, quando o médico avisa que irá eliminar as memórias de "trás para frente" (apagando primeiro as mais recentes), Joel não liga muito quando as memórias são apagadas. Óbvio, a relação dele estava perturbada. Porém, ao começar a apagar as mais antigas, da época em que ele era feliz, termina por implorar para não apagar e tenta cancelar o processo. Também é interessante pensar a respeito de como devemos aprender com nossas memórias antigas, mesmo que elas sejam más lembranças, pois simplesmente apagá-las da memória não soluciona nada. No final vemos apenas os créditos subindo ao som de Beck, em uma excelente música, dizendo que "everybody´s gotta learn sometimes"... Muito Bom!

quinta-feira, julho 29, 2004

Imagens refletidas em um espelho sujo
 
A era de um tempo, o tempo de uma era. Quem me dera, quem me dera... Imagine o quanto isso pode ser necessário. Imagine como configurar o inimaginável. Voando sobre o vento, voltando sempre ao pó.  As imagens estão distorcidas. Imagens refletidas em um espelho sujo. Vidas cheias de verdades. Violência que retalha as víceras. Mas e agora? Correr entre os infinitos cantos? Seria a solução? Cansa se esconder. Cansa caçar sem presa. Esqueço ou invento? Apenas chega de orgulho... Não nasci, não vivi. Apenas não vivo para o mundo.

quarta-feira, julho 28, 2004

Galeria

 
The Rock at Cape Creus, 1937 - Dali

Estou inalgurando um "tema". Não entendo nada de pintura, mas acho que tenho a levianidade necessária para achar algumas coisas legais.

terça-feira, julho 27, 2004

A coisa mais escrota

Ontem voltei para casa com um material interessante: músicas chinesas (aproximadamente 130 delas). Não é nada daquelas músicas típicas que ouvindo em filmes, ou que já conhecemos de programas de televisão, mas sim músicas pops, coisas que estão sendo feitas mais atualmente. Fiquei abismado com um pop-rock muito interessante, e até citaria o nome da banda, mas meu computador não reconhecia os caracteres chineses (não sei o nome da banda, nem da música... mas sei que é legal), mas de qualquer forma não sei como colocaria aqui. Ouvi tecno chinês, que é bem empolgante pelo simples fato de ser chinês. Mas uma música em especial me deixou mais "de cara". Não sei o nome, mas logo de início já reconheci a base do "More Than Words" do Extreme (lembram dessa?). O problema é que tinha uma batida meio hip-hop ao fundo, e um vocal (em chinês, é claro) lembrando o RAP. Conseguem imaginar isso? Conseguem imaginar alguma coisa mais diferente? Sentado na frente do PC eu pensei sobre toda aquela situação: Eu, descendente de orientais e europeus, natural da américa latina ouvindo música chinesa com influências do pop, hip-hop e rap norte americanos. Precisa dizer mais?

segunda-feira, julho 26, 2004

"Como nenhuma representação se refere imediatamente ao objeto, a não ser a intuição, nunca um conceito se referirá imediatamente a um objeto senão a qualquer outra representação desse objeto (seja intuição, seja conceito). O juízo é, pois, o conhecimento mediato de um objeto, por conseguinte, a representação de uma representação do objeto. Em todo juízo há um conceito aplicável a muitas coisas e que sob esta pluralidade compreende também uma representação dada, a qual se refere imediatamente ao objeto" (Kant - Crítica da Razão Pura)

domingo, julho 25, 2004

"Existem vários caminhos que uma pessoa pode seguir
Existem várias pessoas dizendo que caminhos você deve ir
Existem vários caminhos que se você for você vai se foder
Eu não vou dizer nada, quer ir vai. Vai! Vai! Vai!"
(Mukeka Di Rato)

sexta-feira, julho 23, 2004

Harry Potter e a Pedra Capitalista

            Li um artigo muito interessante a respeito de uma discussão mundial que gira em torno de um outro artigo francês. O autor francês aponta várias coisas interessantes sobre a série de livros do Harry Potter, e de como suas características capitalistas poderão influenciar os leitores a serem apenas consumidores. Não há como negar que o mundo de Harry Potter seja capitalista. O autor aponta vários argumentos convincentes: Os alunos querem sempre o produto de última geração, de preferência que tenha uma marca famosa, a escola onde estudam é particular, e o ensino é voltado unicamente para atividades práticas (e os alunos dormem nas aulas teóricas e mais artísticas, achando tudo muito chato), os funcionários do governo são incapazes ou socialmente problemáticos, etc. O autor do artigo apresenta vários exemplos tirados dos livros da série, o que é muito interessante.
            Porém o artigo finaliza citando um dos "verdadeiros" ensinamento do livro: Podemos imaginar quantos mundos paralelos quisermos, todos serão submetidos às leis de mercado. Interessante conclusão, mas talvez um pouco apresada demais (no fundo eu acho que ele estava sendo irônico).
            Quem leu os livros sabe do que se trata. Não é somente o mundo de fantasia, apesar de ser interessante por sua criatividade (a idéia é boa, vocês devem concordar com isso), que prende o leitor. O que prende realmente são os traços que ligam as duas sociedades, a real (que também é retratada de alguma forma no livro) e a imaginária. É inevitável perceber que vivemos em um mundo regido pelas leis de mercado. Dessa forma a única solução para traçar um paralelo é representar na sociedade imaginária as mesmas situações que encontramos na sociedade real, e assim fazer com que o leitor não somente mergulhe no livro, mas que também brinque com ele e se perca na história traçando constantemente ligações entre o que é real e o que é imaginário. Nesse sentindo, o mundo de Harry não poderia ser outro.
            Não estou defendendo Harry, mas acusá-lo de fazer apologia ao capitalismo é o mesmo que acusar alguém que faz pesquisa na hora das compras a fazer a mesma apologia. Também não acho que seja impossível imaginar sociedades não-capitalistas, e afinal de contas é assim que nasceram as maiores críticas ao próprio capitalismo. A crítica francesa é válida e necessária, pois toca em um assunto que eu não havia parado para pensar.
            Talvez fosse mesmo mais interessante que a sociedade imaginária tivesse um governo mais forte e ativo, que a vida dos bruxos-burgueses (?) fosse menos voltada ao consumismo... Mas não creio que essa seja a intenção da autora, que fez Harry carregar a pedra capitalista para sempre. De qualquer forma, a pseudoloiralipoaspirada já acumulou seu bilhão sem usar nenhuma varinha mágica. E quem se importa?
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Quem precisa de FOTO LOG?
"O nada não é nem um objeto nem um ente. O nada não acontece nem para si mesmo nem ao lado do ente ao qual, por assim dizer, aderiria. O nada é a possibilidade da revelação do ente enquanto tal para o ser-aí humano. O nada não é um conceito oposto ao ente, mas pertence originariamente à essência mesma (do ser). No ser do ente acontece o nadificar do nada" (Heidegger)
 
Ps.: Eu adoro nada!

quinta-feira, julho 22, 2004

a vida é meio lerda
pode ser miséria e detritos
eu poderia recontruí-la
mas não sairia disso

terça-feira, julho 20, 2004

Feliz dia do amigo! (para quem tem ou é...)

domingo, julho 18, 2004

já se passaram dias
em que vi as mais fortes torres
tremerem de medo e tristeza
o tempo passa mas quando o dia chega
custamos a acreditar
mesmo em nossas absolutas certezas

a chuva caía
como se deus enviasse seu castigo
com o maior dos lugares comuns
que a mais fina alma poderia suportar
apenas queria parar as lágrimas
mas a partida foi repentina
palavras não podem mais ser ditas

ainda te vejo em meus sonhos
que quando acordo penso ser pesadelos
com livros que ainda estou lendo
e revoluções literárias
que cruzarão todos os tempos
apenas com seus conselhos

vê, ainda vive em mim
por mais que isso seja besteira
dita a toda hora em qualquer lugar
eu sei o que sinto
a semente agora vai nascer da terra
quando a árvore crescer, terei certeza
será também sua
fruto eterno de sua breve existência

sexta-feira, julho 16, 2004

Apenas escute
 
   Em rádios ou na MTV, não importa, a música se propaga (por ondas eletromagnéticas) e chega em nossas residências, carros, walk-mans, computadores, etc. Seu alcance é inegável, e sua influência sobre as pessoas é indiscutível. Quem conhece alguém que não gosta de nenhum tipo de música e não procura ter nenhuma relação com ela? Por isso escrevo sobre o que está acontecendo com a música atual.
   Ouvi na rádio uma música do Charlie Brown Jr, mas não sei o nome dela. Cito, de cabeça, algumas partes que me fizeram raciocinar (e o que não faz?). Segue:
 
"Ame seu pai mesmo se ele for um porco capitalista"
"Eu não sei fazer poesia, mas que se foda"
 
   Certamente a música tem muitos outros "versos", mas dois já são suficientes para provar a minha tese. A primeira frase citada ilustra duas características interessantes a respeito da posição moral da banda e de sua posição política ultrapassada. Em primeiro lugar, a atribuição de "capitalismo" como adjetivo de uma única pessoa, no caso o suposto pai, indica que existe pessoas "capitalistas" e "não-capitalistas", e que esse sistema se baseia no exercício de algumas poucas pessoas, as detentoras de poder e dinheiro. Essa idéia pode ser válida, mas questionável nos tempos de hoje. O capitalismo não pode ser apresentado somete com esse aspecto unilateral, sem questionar o que realmente ele significa para o "filho" do "pai capitalista". Ele é o mundo, é nele que vivemos, e é impossível ficar fora dele. A música em questão trata o capitalismo apenas como exercício de algumas pessoas "porcas", excluindo uma das principais características do capitalismo, que é atingir a tudo e a todos. Existe uma crítica ao capitalismo, e isso é o segundo ponto sobre essa citação: a hipocrisia. Para isso basta dizer que a mesma banda já fez (ou ainda faz, não sei) comercial para a Coca-Cola. Mas isso eu não preciso dizer muita coisa, pois muitos já devem ter feito essa mesma relação quando ouviram essa música.
   A segunda frase indica o aspecto culturalmente frágil dos músicos, que não são capazes de perceber que a quebra entre "música" e "poesia", no ponto de vista artístico, parece impossível. Ao afirmar que "não sei fazer poesia", a letra indica apenas uma espécie de deficiência, mas nada muito grave. Fazer ou não poesia não é base para nenhum julgamento. Porém, ao terminar essa afirmação, vem a ilustre passagem "mas que se foda", e é justamente aqui que começam os problemas. Essa afirmação indica a total falta de comprometimento com uma "pequena" parte da literatura, que é a poesia. Mais ainda, é como se fosse um filho rejeitando sua mãe, ou um irmão rejeitando o outro irmão, pois a poesia e a música (sonoridade, rima, ritmo, etc) possuem uma grande e íntima relação. Essa declaração é apenas uma prova da incapacidade intelectual de perceber que a própria música é uma poesia. Poderíamos dizer que o músico, ao declarar isso, estaria sendo irônico, mas ao analisar outras partes da música fica difícil afirmar que ele estaria sendo irônico apenas nesse ponto (e o "mas que se foda" também se refere a outras coisas durante a música). Rejeito essa interpretação, pois se a música fosse irônica, teríamos outro "tom" (outras indicações irônicas) , e não uma única singular que escapa do conjunto do todo. Assim sendo, "não sei fazer música, mas que se foda". Primeiro lugar nas rádios.
   Estaria então a música perdida? Pessoas escutando toda hora declarações hipócritas e pseudo-intelectuais não conseguem perceber a decadência que ocorre ao transformar música em produto? Não, a música nacional não está perdida. É inevitável ouvir uma música desse tipo e não fazer relações com outras, e foi o que ocorreu na minha mente. Lembrei de Bling Pigs (SP), e sua crítica social. Porém, ao invés de usar "porco capitalista", eles cantam "sonhos niilistas", o que já indica um amadurecimento muito maior somente nas palavras que são escolhidas na hora de se expressar. Também lembrei de Dead Fish (ES), e seu hardcore pesado com citações em francês (isso mesmo). Pensei no CPM22 (SP) e, apesar de achar as letras horríveis, não consegui identificar nenhum posicionamento hipócrita ou culturalmente frágil da banda (que só fazem músiquinhas bestas, mas são sinceros nisso). Pensei nas bandas internacionais, e no tom revoltante de Pennywise (EUA), ou irônico do NOFX (EUA). Possíveis influências do próprio Charlie Brown Jr (Pennywise é certeza, li em entrevista). Pensei mais: Diesel Boy (EUA), que consegue citar cinema, literatura e sexo em uma mesma música (o que fica bem interessante). Mas a minha principal referência foi Rancid (EUA), que certamente deveria ser uma referência para o Charlie Brown, mas não é. Em um determinada música (Arrested in Shanghai, se não me engano), Rancid conta uma história sobre um homem, em primeira pessoa, que batalha contra a violência e tudo o mais que ele acha certo. Inevitalmente ele é preso, e na cela ele fica pensativo... Mas ainda luta, usando sua única arma: a poesia. Ironicamente, Rancid é uma banda de punk-rock (com influências de ska) muito respeitada mundialmente, e realmente é interessante salientar esse outro lado.
   Fiquei no meio, pensando sobre a música do Charlie Brown que havia ouvido no rádio um pouco antes, ao mesmo tempo que escutava Rancid deitado na minha cama. Dei risada para mim mesmo, e notei que ainda existem coisas boas sendo feitas por aí... Pensei no tal de Chorão, e realmente entendi o motivo desse apelido (ou dei outro significado). Em suas músicas ele não faz outra coisa, só chora.
 
PS.: Não citei Belle And Sebastian nem Dandy Warhols por querer ficar no mesmo ambiente musical. Essas duas bandas são mais "alternativas", fugindo um pouco do estilo que procurei abordar, mas são bons exemplos do que a música pode significar culturalmente.

quinta-feira, julho 15, 2004

BUM!

Agora estou voando no pacífico e dizendo coisas que ninguém entende. Depois de cinco minutos, minha cabeça dá voltas em torno de um eixo imaginário com meu corpo flutuando ao vento forte e refrescante que vem do sul. Um copo de suco está na mesa, mas não está totalmente cheio. E ainda sinto o cheiro das flores que acabei de colher e enfeitam todas as mesas da festa de casamento de minha tia. Tudo é muito estranho, até mesmo aquele chinês de óculos que costuma dançar RAP enquanto come batatas fritas. Antes eu estava acostumado, mas agora não estou mais... Ainda tem cocaína para cheirar, e muita bebida para consumir. As luzes estão fracas, e até mesmo os ratos já se recolheram. Então chega o momento de olhar para todos que estão a minha volta e dizer o que realmente tudo isso significa: ""!

terça-feira, julho 13, 2004

Meu cérebro derreteu
Alguns lances sempre são iguais. Como aquela parada que sempre acontece com a gente quando estamos no banheiro, não importa qual. Todo mundo sabe do que estou falando. No fundo, a insanidade sempre irá tomar conta da gente naquele momento de susto, de desespero. Não nos reconhecemos, e ficamos assim por apenas alguns segundos, como no banheiro. Então damos conta do que fazemos e ficamos com aquela cara de "e agora?". Não adianta, sempre será assim... Por mais que tentemos ser frios e calculistas. No fim sempre virá arrependimento.

sexta-feira, julho 09, 2004

Vírus não tem DNA e nenhuma relação com esse post

O pensamento, como pensamento de alguma coisa, é sempre o pensamento de alguma coisa. Mas, ao pensar sobre o nada, pensamos justamente sobre essa "coisa" chamada "nada". Transformamos o nada em objeto, o que contradiz a própria essência do nada, que é justamente não ser (ou ter) objeto nenhum. Então o nada não pode ser pensado? Não é bem assim... Ilusão parecer que podemos compreender todas as coisas apenas sob a luz da lógica, do pensamento e do entendimento. O tédio, aquele simples mas raro que existe em nosso cotidiano, nos coloca de frente com a totalidade do ente. A angústia nega (enquanto fulga) essa totalidade, faz o ser-aí se sustentar na indiferença leve diante dessa totalidade. Nessa fulga se encontra o nada, e essa fulga é a nadificação do nada. Esse nada, assim retratado, é uma questão metafísica. Tudo bem, vou parar de ler Heidegger...