sexta-feira, fevereiro 27, 2004

É assim que as coisas (não) acontecem

Ele estava lá sentado do lado dela. Sem dizer nenhuma palavra, ele a puxou em seus braços e deu um beijo nos seus lábios. Ela não ofereceu nenhuma resistência, como sempre fazia. Ele a beijou lentamente, do jeito que gostava, e ela também retribuiu o beijo. Depois ele olhou nos olhos dela, e disse coisas que nunca havia dito antes. E ela apenas balançou a cabeça, concordando com tudo aquilo.
No outro dia tudo mudou. Depois de conversarem, descobriram que os sentimentos que um sentia pelo outro não eram os mesmos, e nem mesmo próximos. Eles, os dois e os sentimentos, não estavam juntos. A duração de tudo aquilo estava sustentada no frágil pilar da incerteza, da dúvida. Nada havia a declarar.
Sozinho em seu canto, ele pensou a respeito do desenvolvimento de todos o seus sentimentos, que agora eram muito grande por ela. Ela, ainda sem saber de nada e sem declarar coisa alguma, permanecia estática. Ele não sabia o que fazer, mas sabia que algo deveria ser feito. Então chegou a conclusão que nada mais poderia continuar como estava, pois somente ele é que estava sentindo alguma coisa. Chorou sozinho no seu quarto, pensando no dia seguinte. O dia em que tudo finalmente iria acontecer.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Escola do Rock e Mestre dos Mares

Escola do Rock é um típico filme de seção da tarde. Nada de mais, nada de menos. Interessante as referências, com várias tiradas boas a respeito das bandas. Também é legal o fato da molecada tocar realmente (ou pelo menos parece que eles tocam mesmo), e não simplesmente seguram os instrumentos e fazem de conta que tocam. Isso me empolgou, pois eu não esperava tanto desse filme.

Vi o Mestre dos Mares e passei o filme todo pensando por que diabos ele recebeu tantas indicações para o Oscar. O filme não chega a ser chato, mas eu achei cansativo, e não vejo nele nenhuma obra-prima do cinema. Algumas sequencias são interessantes, e nas cenas de ação é sempre a mesma coisa: não dá para entender quase nada do que está acontecendo. Também é legal o título do filme: "Mestre dos Mares, o lado mais distante do mundo". Esse "o lado mais distante do mundo" existe realmente no título original. O mais interessante ainda é que muita parte do filme se passa na costa brasileira. Unindo as duas coisas, pode-se notar que o "lado mais distante do mundo" é o "nosso lado", do Brasil, do terceiro mundo. O lado longe, que nunca irá fazer muita diferença para a parte de "perto", por ser desprezível demais.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Fui para SAMPA na quinta e voltei domingo a tarde. Só posso dizer sinto muito não ter avisado meus queridos colegas de sampa antes, mas realmente não ia adiantar em nada. O trabalho ocupou quase todo meu tempo, e o breve tempo livre eu usei para visitar a minha querida irmã. Foi bem bacana, e tudo rolou muito bem! Fiz um curso bem loco, sobre segurança em torres de celular, e logicamente eu tive que subir em torres e ficar pendurado lá em cima com apenas uma pequena tira de couro me segurando (além de minhas mãos quase se unindo na estrutura da torre).

Mas os textos voltarão ao normal. Assim que as minhas idéias derem um pulo para a minha consciência.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Fúria

Ultimamente ando com muita fúria de tudo. Acordei cedo ontem e cuspi no chão do meu quarto. Não satisfeito, desci as escadas e arrombei a porta do banheiro. Não me preocupei se havia alguém lá dentro, fui mentedo o pé na porta e estragando a fechadura. Por sorte não havia ninguém, caso contrário eu daria um belo soco na cara dessa pessoa. Fui até a cozinha e fiz meu café, jogando tudo o que estava na minha frente pelo chão. Foi legal pisar em cima dessas coisas depois, fazendo uma sujeira considerável, mas isso não melhorou o meu humor.
Saí de casa e chutei o cachorro que fica na frente. Ele tentou correr, mas fui mais rápido. Nunca mais o vi. Enfim, são os pequenos prazeres de uma vida, mas isso ainda não mudou em nada. Fui trabalhar e, como o computador demorava para ligar, jogei-o no chão. Foi bonito ver os cacos de vidro do monitor pelo chão, e meu chefe gritando comigo falando que eu estava despedido. Levantei o dedo do meio para ele, e depois cuspi em sua cara e fui embora dado risada (forçada, é claro), mas isso não melhorou nada.
Então saí pela rua, chutando tudo o que via pela frente, batendo em todos (e levando muitas porradas também). Fui preso. Saí da cadeia por ser reu primário. Mesmo assim fui destruindo tudo o que via na minha frente até o caminho de volta para casa. Rasguei muitos livros, quebrei muitas janelas e tirei a mobilidade de muitas crianças indefesas. Quando cheguei em casa parei para pensar no meu dia, e de repente o meu humor melhorou. Eu havia feito o que todo o ser humano deseja.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Política e Direito, a união da degradação

"Política, religião e futebol não se discute". Cansamos de ouvir essa proposição. Dentro de uma argumetanção, notamos que essa premissa (que ao mesmo tempo é uma conclusão vazia) é totalmente inválida. Futebol se discute, religião mais ainda e política nem se fala. Caso essa frase fosse verdadeira, seria o mesmo que declarar uma anarquia (sem governo) e um ateísmo fundado no vácuo (o que é o mesmo que ser religioso radical, pelo menos eu não vejo nenhuma diferença). Vendo o mundo em que estamos, não só notamos que isso não é verdade, pois não vivemos em nenhuma anarquia e muitos ateus dão boas justificativas a respeito de suas descrenças. Tudo isso para dizer que sim, irei discutir esses temas (até mesmo o futebol, como um fator ativo na interação social, quem sabe?).

O problema da esquerda mundial: É muito fácil falar a respeito do PT e de tudo o que tem sido feito no Brasil, mas não vou fazer isso. Tive contato com engajados políticos, e notei que muitos deles, já na flor da idade (a minha), têm opiniões muito fortes. O problema é que esses discursos são embasados em teorias datadas, como Marx e Gramsci, cuja análise da realidade é específica de um determinado tempo. Gramsci fez algo admirável, pegou o que Marx havia dito e transportou para a sua realidade, fazendo as devidas alterações, e criando novos conceitos como o de hegemonia e o novo conceito de Estado (o que possibilitou uma crítica ao método como os russos estavam implantando o socialismo em 1917 - 1930). Hoje em dia não se faz mais isso. Toda a esquerda não passa de um jogo entre opiniões distintas (Lenin, Marx, Gramsci, Trotski, etc) para ver qual grupo com uma determinada opinião (já datada, ou seja, que dificilmente se aplica na nossa realidade) irá prevalecer. Essas dispustas estão dentro do próprio partido, como uma membro fundadora do PT falou pessoalmente. Enfim, concordo com ela: é necessário uma idéia nova. As discussões não passam de velhas argumentações, que não levam em consideração um mundo em formação, e sequer estudam novos métodos para se desenvolver uma sociedade um pouco melhor. Os políticos deviam estudar filosofia política (praxis, como gostam de chamar) ao mesmo tempo que sociologia, pois vejo que muitos sociólogos são precisos na análise do mundo atual. Unindo as duas coisas, podem pensar a respeito do que foi levantado, e assim criar uma nova teoria. Todos querem apenas que suas opiniões sejam dadas como verdadeiras, e assim ninguém chega a nenhum acordo preciso (como foi dito acima, é apenas um jogo). Lamentável.

Direito como inibidor social: Não sou contra o direito, mas lendo Gramsci eu realmente parei para pensar. O direito regulamenta a vida social, e é muito importante nessa tarefa. Porém, o direito tem apenas o caráter de reprimir. Todos que ultrapassam os seus limites devem ser punidos. Essa tarefa é simples, porém contradiz com o desenvolvimento social (ou seja, humano) que deveria fazer parte de suas tarefas. O direto não devia apenas punir, mas também premiar aqueles que são honestos (não como reconhecimento, uma simples medalha, mas sim uma verdadeira premiação, como existe uma verdadeira punição). Somente assim o direito faria o seu papel completo, o de contribuir para um desenvolvimento social (incluindo o moral, respeitando cada cultura, e o humano nesse mesmo ambiente). Isso está em Gramsci, e eu particularmente achei muito legal.

Unindo as duas idéias, vemos que o próprio modo como a sociedade está estruturada (as suas leis) não contribuem para o desenvolvimento, apenas para a estagnação. E a esquerda continua levantando bandeiras antigas para atualizar algo que está em constante alteração, sem ao menos se preocupar em chegar a um acordo mútuo, mas sim apenas querendo ganhar o seu jogo intelectual (quem melhor argumentar vence e fica como dono da verdade). Bom, apenas algo para se pensar a respeito, Naka para prefeito! (Brincadeira)