quinta-feira, janeiro 31, 2008

Blink 182 - Apple Shampoo

(...)

And she said, "It could never survive
With such differing lives
One home, one out on tour again

We may never come back
The strike of a match
The candle's burning at both ends."

(...)

I'll pretend that I'm fine
Show up right on time
But I know I'll never be that cool

I never wanted to hold you back
I just wanted to hold on
But my chance is gone

I know / just where / I stand / a boy
Trapped in the body of a man and

I'll take what you're willing to give
And I'll teach myself to live
With a walk-on part of a background shot
From a movie I'm not in

She's so important
And I'm so retarded

(...)

Where are you coming from?
What are you running from?
Is it so hard to see?

And if you're feeling scared
Remember the time we shared
You know it meant everything
You know that it meant everything to me

You know that it meant everything to me

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Maré baixa

Sentado na mesa suja daquele café de esquina, Afonso não conseguia parar de pensar na sua recém adquirida "sorte". Um bilhete único, passagem obtida com muito suor, lágrimas e sangue. Era somente de ida de volta para Paraíba, onde finalmente poderia reencontrar sua filha que apenas completou cinco anos. Gastava boa parte de seu apertado salário para comprar cartões telefônicos, que acabavam por fazê-lo chorar quando a pequena Rebeca pedia para ele voltar para casa.

Mas Afonso nunca chegou na Paraíba e agora seu destino é desconhecido.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Secret Machines - 1000 seconds

(...)

If I were forced to choose
What I have, I have to lose
I need love, that don't mean I need you
It started with that song
It was a thousand seconds long
It didn't end 'cause we never got through

And did you think that I had planned it all along,
Hoping not to be alone?
Well I was there on the edge of the rush
And did you leave because you thought that I would stay,
Stricken with a holy fright?
And it was clear as the night in the cold
And I won't ever know what you're afraid of

(...)

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Insinuações sinuosas

Declarou-se o fim de um império em prol de uma falsa liberdade. Todos os presos do antigo regime foram soltos, o perdão geral foi proclamado. Nova nação, nova vida para seus cidadãos. Bandeiras balançam livres e imponentes, anunciando o novo sistema que, em teoria, pretende ser muito melhor.

Mas as pessoas são podres. Eu sou. Esquecem que cometem erros, vivem em uma ilusão que elas mesmas colocam na frente dos olhos. Elaboram teorias e as abraçam, com enorme radicalismo, achando que tudo será melhor caso siga somente a razão. Tudo é tão lógico e claro.

Mas a nação esqueceu o que fazer com o preso que não queria ser solto.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

OK

Já notei que o desprezo atingiu seu grau máximo. Uma simples mensagem, quem sabe um “alô” curto e grosso. Poderia ser de vários jeitos. O único que não podia foi.

Agora não passo mais a noite pensando nos motivos do sumiço... Mas sim pensando no que a levou a me desprezar. Sou assim tão insignificante?

Dói. Oh sim, como dói...
O sumiço

Fantasmas percorrem corredores escuros no meio da noite. Aquilo que deveria ser um grito não passa de um suspiro. Tudo encaixotado dentro de uma mente psicodélica. Mistura de rock com pornografia barata. Bebidas santas em doses cavalares. E para completar a ausência silenciosa dela. Teria feito algo errado?

Tarde demais. Do décimo primeito andar ao chão em queda livre.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Correspondências

Meu querido,

Melhor do que dizer que sim, vem o não... Não um não como o não, mas aquele cuja negatividade permanente não permanece. Como aquela música sem letra... E também sem música! Como se fosse o que não deve ser... Sendo aquilo que é sem ser realmente tudo, porém nada.

Espero ter sido claro!

Caetano V.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

15 anos depois

- O que deseja?

Ela não parecia me reconhecer. Gostaria de abraçá-la, beijá-la... Mas sua pergunta foi como uma faca enfiada nesse meu bojo sujo. Uma pança alimentada de lixo por quinze anos. Uma mente alimentada com ilusões por quinze anos. Um coração alimentado com esperanças por trinta anos, pois tudo que envolve o coração vale o dobro.

- Sou eu... Não lembra?

Um olhar oblíquo por parte dela e aquela resposta cheia de sinceridade dolorosa: “não”.

Ela sumiu da minha vida depois que rompemos. Tentou por várias vezes me procurar, mas eu fiz questão de tentar apagá-la. Presentes destruídos e fotos rasgadas. Tudo muito fácil e simples de fazer. Agora quero ver você tentar esquecer alguém que é realmente especial.

Passei boa parte dos dois anos seguintes procurando por “vingança”. Me relacionei com pessoas efêmeras, casos graves e agudos. Vaguei por puteiros sujos, beijei putas e me apaixonei diversas vezes por garotas mais burras que uma porta. Tudo para descobrir que deixei escapar aquilo que é verdadeiro.

Depois da vingança busquei a fuga. Mistura de tabaco, álcool e maconha. Depois cocaína. Heroína em pequenas quantidades. LSD. Experimentei de tudo, acordei na sarjeta, dormi na cadeia, quase morri e fui jurado de morte. Tive que fugir uma segunda vez.

Depois de dez anos resolvi voltar. A primeira pessoa que resolvi ver foi ela. Anjo dos meus sonhos, prazer impuro em qualquer noite. A mais bela prostituta poderia estar deitada aos meus braços, porém meu pensamento sempre a imaginava comigo.

- Desculpe mesmo, mas não me lembro... Qual seu nome?

- Deixe pra lá.

E assim desci a rua tentando esconder as lágrimas das pessoas que passavam.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Correspondências

(...) Si, "la tetita" e "papito".

Gracias,
Wendy Sulca

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Correspondências

Compañero:

Yo no tengo palabras... Gracias por su ajuda na negociación com la FARC.

Su amigo,
Chavez

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Correspondências

Querido Dudu,

Passo por um momento de difíceis mudanças. Perdi a guarda dos meus filhos, mas ainda quero ter mais com você... As noites ao seu lado são incríveis! Minha primeira cheirada foi com você, nunca vou esquecer. E adoro todas as coisas que você oferece para mim. Seu último papelote foi incrível, fiquei dias sem dormir direito, só pensando em você! Incrível!

Beijos
Britney

PS.: Minha irmã está grávida... Consequências daquela noite?

quinta-feira, janeiro 10, 2008

O gato e o rato

Abri a porta de modo lento, para que meus olhos pudessem ver melhor através da pouca luz que vinha do escritório. Ele estava sentado olhando alguns papéis sobre sua mesa. Aparentemente nem notou o barulho da porta e minha presença ali. Somente aparentemente.

- Sente-se.

Sua voz soou suave, porém firme. Sentei na cadeira logo a frente. Ele não tirou os olhos dos papéis um segundo sequer.

- Sabe o que é... Eu não... Bem, é difíc...

- Tá, tá, tá...

Categorigamente amputou minha tentativa de explicações. Um remoto "tá" repetido três vezes. Toda sua autoridade estava presente naquela sala. Desde o som forte dos "tás", passando pela cortina meio aberta, sua mesa devidamente organizada e chegando na foto de sua esposa com seus dois filhos pendurados na parede. "Eu também tenho uma família", pensei. "Ele vai considerar isso".

- Ainda estou ponderando sua importância...

Um calafrio subiu na minha espinha. Seja lá o que ele quis dizer com isso, não soube decifrar se era bom ou ruim. Resgatei forças do além para responder:

- Agradeço!

Então finalmente ele parou de olhar aqueles papéis. Mas foi de maneira repentina, quase como se eu tivesse dito alguma palavra mágica que despertou algo naquele olhar maquiavélico.

- De nada - disse ele, suspirando - porém não há nada que eu possa fazer no momento...

Foi então que saquei minha arma do paletó. Dei três tiros. Dois no peito, um na cabeça.

Fechei a porta atrás de mim, pensando: "e eu achei que esse filho da puta fosse servir para alguma coisa!".

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Roberto

A porta do apartamento de apenas um quarto se abriu e a escuridão que reinava do lado de dentro deu lugar para um fio de luz vindo do corredor de fora junto com um suspiro. Roberto, cansado de analisar milhões de números em milhões de planilhas, jogou o blazer do seu terno sobre uma cadeira ao mesmo tempo que aliviava o nó da gravata e tirava os sapatos usando apenas os pés. O relógio indicando oito horas da noite parecia pressioná-lo cada vez que o ponteiro dos segundos mudava de posição.

Caminhou para o quarto. Tirou a gravata e a camisa, jogando tudo em cima da cama. Tirou a calça, ficando apenas de cueca. Chegou no armário, abrindo a porta lentamente, e se abaixou para puxar a última gaveta. Devagar, como se fosse a tumba de Alexandre, o Grande, tirou apenas uma caixa que colocou sobre sua cama com as duas mãos.

Tomou um banho morno enquanto a noite gemia quente. Saiu do chuveiro, se enxugou, como fazia todos os dias. Com a toalha sobre um dos ombros, ainda retirando as últimas gotas de água dos pêlos do seu corpo, Roberto foi até o quarto e abriu a caixa que estava sobre a cama. Retirou de dentro uma calcinha vermelha, que vestiu delicadamente. Uma mini-saia branca, que cobria pouco mais que o meio de suas coxas e estava devidamente dobrada, foi a próxima peça que vestiu. Além de um soutien preto e de uma blusa top roxa tamanho P, tirou da caixa um pequeno estojo de maquiagem. Com tudo vestido e olhando no espelho, aplicou com cuidado cada milímetro de batom, sem esquecer do gloss. Trabalhou também no contorno dos olhos, na cor da bochechas e nos tons de seus cílios.

Depois de pronto Roberto deitou em sua cama sem se preocupar com as roupas que amassava e nem com a maquiagem que suas lágrimas borravam.