sapatos brancos

No meio da conversa com aquela menina me veio à mente uma questão muito importante: e se ela usasse sapatos brancos? Claro que a resposta só poderia surgir depois de longas horas mergulhado em uma profunda contemplação a respeito de todos os elementos que, juntos, poderiam contribuir para que o resultado final fosse a total ausência de sapatos brancos nos pés daquela garota. Enfim, olhei para meu copo e pensei que realmente era hora de parar de beber. Mas não parei.

minutos de silêncio contemplando o futuro atrás de nós

Está com frio. Sozinho no quarto, jogado às traças e baratas, pensou no seu futuro e no seu passado. Simplesmente não consegue achar uma ligação, tudo parecia perdido. E no fundo do baú, suas fotografias amarelas voltaram a ficar coloridas. Lembrou de quando era um menino, e ainda não conhece as magias negras da paixão. Desceu as escadas daquela velha casa, já velha desde agora, e a viu pela primeira vez. Já cresceu, era adolescente, e gostaria de revê-la de novo e de novo. Saudades do jeito que ela toca seu ombro para chamá-lo, e do jeito que andarão de mãos dadas na praia... Uma mistura de desejo e medo. Sim, o primeiro beijo. O primeiro beijo será dão doce. Ele queria que fosse naquele mesmo parque, onde ela aceitou seu pedido de namoro com os olhos sorridentes e pegaria sua mão para levá-la para casa. Não teve pressa, mas fizeram de tudo e ficarão juntos custe o que custar. Casamento, filhos, alegrias, tristezas... Ela estaria sempre ao seu lado, mas agora estará. Já velho no seu quarto sozinho, jogado às traças e baratas, ela viverá enquanto suas fotografias amarelas continuarão a ficarem coloridas.

PS.: Idéia gentilmente roubada (na cara-de-pau mesmo) de um conversa com Martins, o miserável.

primeiro post kenyano de 2006

Esse ano promete... Mas, como eu, provavelmente não cumpre!