terça-feira, julho 29, 2008

a valsa

Existe muita coisa boa na vida, mas nada é tão bom quanto a observar recortando fotos de jornal. Meu olhar era um criminoso algemado pelos traços do rosto dela. Minha atenção sempre foi soterrada pelo jeito que ela contrai os lábios e quase cerra os olhos diante de notícias estranhas. Sou apaixonado pela beleza simples, pela personalidade encantadora e espontânea. Morro de ciúmes do seu passado.

- Dança comigo?

Como dizer não a uma valsa silenciosa no meio da sala de estar? Podia sentir seu corpo, o toque de nossas peles. Minha vida ao lado dela ainda por fazer, como minha barba.

- Gosto tanto de você...

E olhei para aqueles olhos redondos. Seus lábios estavam graves, seu nariz tocou meu rosto e pude sentir sua respiração quente em meu pescoço.

Gostaria que ela soubesse apenas o básico, apenas o quanto ela é importante. Não a amo somente de coração, não sinto apenas minhas batidas cardíacas acelerando. É muito mais que isso... É do fundo do estômago, algo que sai de todos os lados da minha barriga, sobe pelo meu corpo fazendo eu sentir frio em toda extensão de minha pele para só então acelerar meu coração que, por fim, me faz suspirar imaginando o futuro ao lado dela. A conseqüência disso tudo foi duas lágrimas, uma para cada olho.

- Não ligue, é de felicidade...

Ela me abraçou forte, suspirando como eu.

- Como te amo... Te amo tanto!

E nem mesmo o beijo longo e salgado pôde colocar fim nessa valsa silenciosa... Essa valsa que nunca vai terminar.

quinta-feira, julho 10, 2008

Ela sabe nada

O toque da pele dela parece um veludo raro, coisa que só explorador que não teme a morte conhece. Seus lábios são dois convites ao inferno: quentes e seduzindo minha alma para a perdição. E gosto muito de sentir sua voz trepidando em meus ouvidos, com uma harmonia digna de invejar os mestres clássicos.

- Você não fala comigo...

Em tom triste, em tom de pedinte. Como se fosse fácil demonstrar o quanto se ama. Um sorriso pode parecer forçado. Palavras de afago são como grãos de areia em um deserto com horizonte imutável. Não quero dizer coisas simples, coisas que ela já está casada de saber. Não quero que tudo seja representado por clichês. Meu silêncio não é pura distração, mas uma verdadeira contemplação pela pessoa maravilhosa que ela é.

A quietude dela cortou meu coração naquela estrada escura. É tão difícil assim de entender? Será que meu olhar brilhante, meu sorriso sincero e meus toques suaves não dizem nada? E meu crime é não demonstrar o mínimo de atenção, por prestar muita atenção na estrada escura para que nada de ruim aconteça e, enfim, ela possa ter toda a atenção do mundo para sempre...

- Você não me irrita. É mais fácil você me irritar quando está quieta que cantando em meu ouvido.

Assim voltei para casa e lembrei do quanto é bom procurar as estrelas que os olhos dela apontam. Ah se ela soubesse...