terça-feira, março 25, 2008

Confissões ao Psicanalista

- Cheguei em casa como sempre fazia. Assim que entrei já senti aquele cheiro estranho de incenso e pensei: “pronto, ela ta fumando maconha”. Mas só então percebi que aquele mantra melódico estava vindo do mesmo lugar que o cheiro. Entrei no quarto e fiquei com aquela cara... Ela estava sentada de pernas cruzadas, as mãos sobre as coxas, olhos fechados, e dando voltas circulares com a cabeça ao som daqueles gemidos hare krishna no meio da fumaça fedorenta. “Doida, só pode”, pensei. Eu acho que esse lance de ler pensamentos deve funcionar... Afinal ela abriu os olhos de repente e jogou a base de porcelana do incenso na minha cabeça, gritando que eu tinha atrapalhado sua meditação, que ela estava pronta para o “nirvana” (fazendo as aspas com as mãos) e essas coisas. Mas quem sou eu para julgar? (Longa pausa contemplando a parede com o olhar pensativo) Antes fosse maconha...

quarta-feira, março 12, 2008

Confissões ao psicanalista

- Pois bem, não foi sempre assim. Quando criança nada era assim. Não existia esse lance de “internet” (fazendo as aspas com as mãos), “blogs” (idem), “fotologs” (idem)... Ou qualquer outra porcaria. Naquela época bastava um jogo de tabuleiro, uma bicicleta, meia dúzia de bonecos... Os mais ousados tinham vídeo-game, mas desses que não precisava de curso para saber jogar. Às vezes acho que é a idade. Às vezes acho que sou muito chato. Mas pelo menos tudo isso tomou conta e solucionou todos os nossos reais problemas. Infelizmente agora todos eles são virtuais.