terça-feira, janeiro 30, 2007

unhão

Dias atrás precisei comprar um cortador de unha. Como não sei como falar cortador de unha em inglês (é "nail clipper") fui até o mercado e procurei algum funcionário para perguntar onde eu poderia achar "aquela coisa que corta unha".

Mas é interessante, antes de saber o que aconteceu, saber como é o mercado. Bom, o mercado é único, ou seja, um nome só com uma loja só. Chama-se Nakumat. Porém o mercado em questão fica em um prédio, com a loja principal (alimentos e alguns produtos de limpeza) no subsolo. Os eletrodomésticos e outros equipamentos de "hardware" ficam no piso da entrada, com uma escada bizarra para os fundos da loja, onde ficam os móveis. As verduras, frutas e legumes ficam em uma outra parte, bem próxima à entrada. No último andar tem uma loja de dois andares, onde no primeiro vendem objetos variados (brinquedos e tranqueiras) e no segundo vendem roupas. E aqui está o interessante: todas as partes são independentes umas das outras, com seus respectivos caixas. Moral da história: uma zona.

Enfim, para arrumar o cortador de unha eu nem sabia em qual parte ir. Resolvi entrar em qualquer uma e perguntar para qualquer um, como é apenas uma loja já vão me indicar corretamente o lugar onde achar o produto em questão. Grave erro. Perguntei para o rapaz, mas demorei alguns minutos para explicar para ele o que queria. Ele entendeu, e foi perguntar para outro rapaz que estava atrás de um balcão de jardinagem. E foi então que aconteceu o incrível, o rapaz atrás do balcão me disse que não vendia aquilo alí (naquela parte da loja), mas que ele tinha algo que poderia servir. E logo depois ele me mostrou aqueles alicates gigantes de jardinagem. Alguns poderiam cortar verdadeiros troncos de árvores... Como já estou no limite da minha paciência apenas balancei a cabeça indignado e resmuguei bravo enquanto virava a cara e saía daquele lugar: "isso não serve para cortar unhas" (sequer agradeci, pois não considerei isso uma ajuda e nem uma "tentativa de").

No fim acabei achando no piso do subsolo. Mas não deixo de dar risada ao imaginar que alguém poderia comprar um alicate gigante somente para cortar as unhas. Se bem que aqui é até possível.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

cinema

Havia dois balcões no cinema de Nairóbi. Um do lado leste e outro do lado oeste. O do lado leste estava cheio de alimentos (pipocas, doces, refrigerantes, etc) e com alguns funcionários. O do lado oeste tinha apenas cartazes dos filmes, alguns computadores e alguns funcionários. Pensei o óbvio: comprar ingressos no lado oeste e pegar a comida no lado leste. Assim que cheguei no lado oeste o seguinte diálogo aconteceu:

Eu: Gostaria de dois ingressos para Stranger Than Fiction por favor.

Atendente: Aqui a gente não vende ingressos, os ingressos e a comida você pega alí do outro lado (e ela apontou para o balcão do lado leste). Você pega tudo alí.

Eu (clássico sorriso irônico): Então o que você faz?

Atendente: Bom... É... Estou aqui para avisar as pessoas que elas devem comprar ingressos no outro balcão.


Sofrível, mas divertido. Em que outro lugar do mundo isso acontece?

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quarta-feira, janeiro 17, 2007

novamente...

Depois de 60hs consegui chegar no Brasil. As três semanas mais esperadas de 2006... Claro que duas delas foram em 2007, mas isso é apenas um detalhe. Fiquei gripado, encontrei pessoas importantes e tudo correu bem. Voltei para o Quênia com um sentimento confuso, um misto de raiva e tristeza. Não sabia se ficava em silêncio ou apenas gritava alto. Optei pelo silêncio.

Tudo o que é importante ficou para trás. Agora só sobrou um futuro opaco, uma dor no joelho (literalmente) e uma virose que demora para passar. O cheiro, a cor, o estado das coisas... Tudo continua igual e sem previsão para mudar. E o que mais machuca é pensar que ainda faltam 6 meses...