sexta-feira, julho 29, 2005

depósito amargo de esperanças livres

Ele sempre corria em círculos abertos. Passou correndo pela floricultura, pois ela estava quase fechando e ele estava atrasado. Comprou meia dúzia de margaridas, mas ele sabia que ela detestava margaridas. Correu olhando para o relógio de pulso, tinha que ser naquele dia. Não podia ser ontem, não podia ser amanhã. Estacionou o carro de qualquer modo e entrou correndo no cemitério, apenas alguns instantes antes do coveiro local, o único, fechar os portões. Caminhou entre os túmulos e encontrou o dela. Se abaixou depositando carinhosamente meia dúzia de margaridas que havia acabado de comprar. Se levantou e saiu devagar. Virou de costas e contemplou aquele túmulo frio. Ele sabia que ela não merecia tanto assim.

quinta-feira, julho 28, 2005

Kenya

O ar é o mesmo. Naiorobi, apesar de estar muito próxima da linha do equador, tem um clima agradável. Obviamente, ela está a cerca de 2.000 metros de altitude... Por conta disso nessa época não é tão calor. O hotel é agradável, o café-da-manhã foi excelente (apesar de não ter queijo nem presunto fatiados como conhecemos). Primeira manhã no Kenya. Não é tão diferente assim.

quarta-feira, julho 20, 2005

Última noite fria em Curitiba

Isso é apenas um até logo que soa como um adeus

domingo, julho 17, 2005

Bum! Bum! Bum! Tiros ao longe! Ouça, veja, prove! Tudo o que sou, tudo o que serei... Junto, ao mesmo tempo, sem espaço para mais nada. Opa, chegou uma carta. E é uma carta de adeus...

quarta-feira, julho 13, 2005

Falta uma semana.

O relógio não pára. Agora entrei no caminho onde não há mais volta. E o resto? O resto é apenas excesso...

terça-feira, julho 12, 2005

Bright Eyes - Lover I Don´t Have To Love

(...)

I want a lover I don't have to love.
I want a girl who's too sad to give a fuck.

(...)

Love's an excuse to get hurt
and to hurt

Do you like to hurt?
I do, I do

then hurt me..
then hurt me...
then hurt me...

segunda-feira, julho 11, 2005

A vida é como uma tampa de danoninho lambida.

sexta-feira, julho 08, 2005

capital de giro no mundo de trevisan

João e Maria. Que belo casal! Como nos livros bíblicos. Mas João bebia e gostava de aliciar meninas, daquelas que usam uniforme de colégio, nos ônibus que pegava. Maria não gostava de cozinhar, nem de passar, e nem de arrumar a casa, mas fazia tudo isso. Mas quando João não estava presente ela dava um pulo no vizinho para pular em cima dele sem as roupas. E João não sabia disso. Alguns dizem que sabia, mas não se importava. Só gostava mesmo de beber. Voltava bêbado para casa toda noite de sexta-feira. O problema é quando era dia de pagamento. Os dois sempre brigavam. Maria gritava que voltaria para a casa da mãe enquanto João vomitava no banheiro. Maria chorava, João chorava. Maria não podia ter filhos, e isso a deixava muito triste. João tinha, mas Maria não sabia. E nem mesmo ele. Foram tantas prostitutas... E continuavam assim: João trabalhando e bebendo, Maria trabalhando e trepando com o vizinho. Brigando toda hora. E assim foram felizes para sempre.

quinta-feira, julho 07, 2005

Estou com uma sensação de mudança diferente. Não é somente aquela história de passar um tempo da minha vida longe de tudo o que acho importante, mas também as possibilidades que isso vai gerar e o meu horizonte que está ampliado. Nunca imaginei morar fora do Brasil... E agora... Isso. Antes eu tinha a idéia de ficar longe, mas nem tanto. Longe logo ali, pertinho, inserido na minha cultura e sabendo exatamente o que deve ser feito. Agora é diferente, tudo é novo. Língua diferente, cultura diferente, povo diferente... E eu sei que isso vai me mudar e que eu voltarei uma nova pessoa. Mas não tenho medo. E também me sinto leve, livre... Não mais preso a uma barreira imaginária, com suas divisas delimitadas no continente sul-americano, mas agora os limites são outros, baseados em meus desejos e vontades. Vejo o Brasil como minha casa, como meu lar. Vou apenas dar um volta e volto mais tarde.

quarta-feira, julho 06, 2005

um dos piores textos já escritos na minha vida. é tão ruim, mas tão ruim, que não sei os motivos que me levaram a postar, muito menos os que me levaram a escrevê-lo. mas eu não me preocupo, por isso coloquei de qualquer forma

A vida, senhores, é uma coisa engraçada. Pegue o meu exemplo. Aos seus olhos minha vida pode ser idêntica a qualquer um de vocês, mas eu vou lhes contar o que acontece. Eu, ao contrário do que a maioria está vendo, não sou exatamente assim. Por baixo desse terno engomado eu possuo três cicatrizes de três tiros dados a queima roupa em meu peito. Meu braço esquerdo tem uma profunda marca de uma facada dirigida aos meus olhos, mas que por reflexo consegui defender. Por conta dessa facada que eu não mexo a mão esquerda devidamente, apesar de nenhum de vocês ter notado isso. Não tenho o pé direito, por conta de um crocodilo que o devorou. Não, eu não faço safáris ou turismo de aventura. O crocodilo estava em meu apartamento mesmo. Os tiros que levei foram de meu filho mais velho, e a facada foi uma tentativa de assassinato de minha esposa e minha filha. Todos os quatros foram mortos, o crocodilo, meu filhos, minha esposa e minha filha. Hoje em dia eu tenho um profundo trauma de relacionamentos, e por isso permaneci sozinho até hoje. Mas como eu disse, a vida é engraçada. Às vezes eu sinto um aperto no peito, uma saudade. Procurei ajuda, mas não adiantou. Até que hoje eu admito, eu sinto muita falta daquele crocodilo.

segunda-feira, julho 04, 2005

a explosão do universo em pedaços grandes demais

Mas e qual é o problema? Me diga apenas o que pensar e eu pensarei. Me diga apenas o que falar e eu falarei. Sempre vai ser assim, não tem problema. Eu abro mão de tudo o que é importante para mim, basta você pedir. Eu, nesse momento, sou totalmente seu. Não? Não mesmo? Então tudo bem... Nos vemos outro dia.

sexta-feira, julho 01, 2005

refeição a dois: veneno para rato

O clima não era dos melhores. No meio daquele monte de coisas desgraçadas, ela podia dizer e sentir o que quisesse. Mas no fundo o amontoado de coisas que ela gerava sobre ela mesma não seria diferente... Quando seus olhos se cruzaram naquela passarela metálica e sempre em movimento, ela descobriu que existiam muito mais coisas para descobrir sobre o mundo. E sempre, quase sempre, dava voltas em torno de si mesma, sorrindo para o céu que acabou de abrir depois de uma forte chuva. Como se nada mais importasse, senão ele. Como se fosse sempre assim. Mas sabemos que não é.