segunda-feira, janeiro 21, 2008

15 anos depois

- O que deseja?

Ela não parecia me reconhecer. Gostaria de abraçá-la, beijá-la... Mas sua pergunta foi como uma faca enfiada nesse meu bojo sujo. Uma pança alimentada de lixo por quinze anos. Uma mente alimentada com ilusões por quinze anos. Um coração alimentado com esperanças por trinta anos, pois tudo que envolve o coração vale o dobro.

- Sou eu... Não lembra?

Um olhar oblíquo por parte dela e aquela resposta cheia de sinceridade dolorosa: “não”.

Ela sumiu da minha vida depois que rompemos. Tentou por várias vezes me procurar, mas eu fiz questão de tentar apagá-la. Presentes destruídos e fotos rasgadas. Tudo muito fácil e simples de fazer. Agora quero ver você tentar esquecer alguém que é realmente especial.

Passei boa parte dos dois anos seguintes procurando por “vingança”. Me relacionei com pessoas efêmeras, casos graves e agudos. Vaguei por puteiros sujos, beijei putas e me apaixonei diversas vezes por garotas mais burras que uma porta. Tudo para descobrir que deixei escapar aquilo que é verdadeiro.

Depois da vingança busquei a fuga. Mistura de tabaco, álcool e maconha. Depois cocaína. Heroína em pequenas quantidades. LSD. Experimentei de tudo, acordei na sarjeta, dormi na cadeia, quase morri e fui jurado de morte. Tive que fugir uma segunda vez.

Depois de dez anos resolvi voltar. A primeira pessoa que resolvi ver foi ela. Anjo dos meus sonhos, prazer impuro em qualquer noite. A mais bela prostituta poderia estar deitada aos meus braços, porém meu pensamento sempre a imaginava comigo.

- Desculpe mesmo, mas não me lembro... Qual seu nome?

- Deixe pra lá.

E assim desci a rua tentando esconder as lágrimas das pessoas que passavam.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial