sexta-feira, janeiro 04, 2008

Roberto

A porta do apartamento de apenas um quarto se abriu e a escuridão que reinava do lado de dentro deu lugar para um fio de luz vindo do corredor de fora junto com um suspiro. Roberto, cansado de analisar milhões de números em milhões de planilhas, jogou o blazer do seu terno sobre uma cadeira ao mesmo tempo que aliviava o nó da gravata e tirava os sapatos usando apenas os pés. O relógio indicando oito horas da noite parecia pressioná-lo cada vez que o ponteiro dos segundos mudava de posição.

Caminhou para o quarto. Tirou a gravata e a camisa, jogando tudo em cima da cama. Tirou a calça, ficando apenas de cueca. Chegou no armário, abrindo a porta lentamente, e se abaixou para puxar a última gaveta. Devagar, como se fosse a tumba de Alexandre, o Grande, tirou apenas uma caixa que colocou sobre sua cama com as duas mãos.

Tomou um banho morno enquanto a noite gemia quente. Saiu do chuveiro, se enxugou, como fazia todos os dias. Com a toalha sobre um dos ombros, ainda retirando as últimas gotas de água dos pêlos do seu corpo, Roberto foi até o quarto e abriu a caixa que estava sobre a cama. Retirou de dentro uma calcinha vermelha, que vestiu delicadamente. Uma mini-saia branca, que cobria pouco mais que o meio de suas coxas e estava devidamente dobrada, foi a próxima peça que vestiu. Além de um soutien preto e de uma blusa top roxa tamanho P, tirou da caixa um pequeno estojo de maquiagem. Com tudo vestido e olhando no espelho, aplicou com cuidado cada milímetro de batom, sem esquecer do gloss. Trabalhou também no contorno dos olhos, na cor da bochechas e nos tons de seus cílios.

Depois de pronto Roberto deitou em sua cama sem se preocupar com as roupas que amassava e nem com a maquiagem que suas lágrimas borravam.

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

estou emocionado... me reconheci nesse texto. muito obrigado duduzinho.

2:11 PM, janeiro 06, 2008  
Blogger Fábio Farias disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

7:11 PM, janeiro 06, 2008  
Anonymous Anônimo disse...

Que uó! Abre a kátia, desce no cine ipiranga e faz a marisa antes de ir pra buatchy que passa.
Bjosmeliga

7:12 PM, janeiro 06, 2008  

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