segunda-feira, outubro 31, 2005

histórias com moral - 1

O coelhinho feliz vivia junto com seus amiguinhos na floresta. Um dia o amiguinho urso, que ele gostava de chamar de fofucho, olhou para o coelhinho feliz que pulava alegremente no meio das flores (era primavera, e o coelhinho feliz adorava a primavera) e falou: "Ô coelho, largue mão de ser viado!". O coelhinho feliz não entendeu o que seu amiguinho, o fofucho, queria dizer com isso, afinal de contas ele era um coelho, e não um veado. Mas coelhinho feliz não ligou para seu amigo e continuou pulando alegremente pela floresta. Para alegria do coelhinho feliz, todos os animais começaram a parar para olhar ele pulando (ele adorava ver todos seus amiguinhos reunidos). A dona onça falou: "É uma bicha mesmo...", mas coelhinho feliz não entendeu, pois ele era um bicho, e não uma bicha. O jacaré disse que ele devia tomar um pau, mas coelhinho feliz pensou que isso era impossível, sendo que ele só tomava a água do riacho. O elefante disse que o coelhinho devia gostar de dar o rabo, mas coelhinho não podia dar o rabo, ele só tinha um que sempre enfeitava com laços rosas para ir dançar nas festas da floresta. Coelhinho feliz ouvia tudo aquilo, mas mesmo sem entender continuava sendo ele mesmo, pulando alegremente entre as flores da floresta. O gavião não aguentou aquela cena, que observava de cima da árvore. Ele se jogou de lá de cima com as asas abertas, voou sobre a cabeça de todos os animais, agarrou o coelhinho feliz com suas garras e sumiu na profundidade do céu azul. Coelhinho feliz nunca mais foi visto.

Moral da história: Quem é feliz sempre se fode.

sexta-feira, outubro 28, 2005

isso que acontece quando você não escuta os meus conselhos

A tarde corria branda. Depois de uma manhã agitada, cheia de coisas novas que os professores cismam em tentar enviar na cabeça dela, cheia de piadinhas infames dos seus amigos, cheia de falar mal de outras meninas com suas amigas, ela resolveu dar aquela dormida básica. Uma sexta-feira ensolarada, pensando na balada mais a noite e com todos os seus deveres resolvidos. Merecia uma bela soneca. Deitou em sua cama e adormeceu rápido, sorrindo ao pensar naquele garoto que conhecia.Um tempo passou, que obviamente ela não percebeu. Estava no décimo sono quando de repente sua mãe irrompe o quarto num movimento militar digno de invejar os sargentos mais carrancudos. Em outras palavras, metendo o pé na porta e gritando para ela se levantar, porque sempre sou eu que faço todos os trabalhos dessa casa e você não me ajuda em nada!, e depois suas notas não estão tão boas assim para ficar folgando dessa forma!, precisa dar um jeito nessa vida, pois só dorme e fica no telefone o tempo todo com as amigas! e bla bla bla bla... O discurso, de invejar Hitler, já estava na décima quinta página e a menina ainda nem tinha aberto os olhos. Em um movimento lento, ela levantou a cabeça do travesseiro e mandou a mãe catar coquinho. Nesse mesmo instante a mãe arregala os olhos. Que audácia, nunca ninguém falou assim comigo!, com quem você tem andado?, por que você dá ouvidos praquelas suas amigas?, não são como o di, aquele bom rapaz!, por que diabos você não namora mais com ele?, bla bla bla bla... A menina, em outro movimento lento, levantou a cabeça novamente e mandou a mãe tomar naquele lugar. A mãe ficou indignada, recomeçou o discurso exigindo que a menina se levantasse, até mesmo cutucando, para que ela pedisse desculpas pelos seus comentários, e outra, não vai mais ver televisão e não vai mais poder usar o telefone e nada de sair hoje a noite com aqueles vagabundos dos seus amigos! e bla bla bla bla... A menina novamente levantou a cabeça, mas dessa vez só para dizer para a mãe se foder. E essa foi a gota d'água, a mãe gritando disse para ela ter respeito, e que aquilo não ficaria daquela forma, pois assim que o seu pai chegar você vai ver só uma coisa! E saiu batendo a porta com mais violência do que quando entrou.

Mais a noite o pai da menina chega em casa cansado do trabalho. A mãe desanda a contar todas as coisas que ela havia dito, que isso era um absurdo, bla bla bla bla... E o pai atentamente ouvindo cada palavra que ela dizia. Depois de um discurso breve, de invejar Stalin, a mãe pergunta o que você acha disso tudo? No que o pai responde isso que acontece quando você não escuta os meus conselhos.

quarta-feira, outubro 26, 2005

(snif)

Ó! Ela morreu! Ela está morta! Agora seu defunto fede comida de abutre! Sua carne podre alimenta os vermes, que vomitam a cada mordida! Seus olhos foram roídos pela terra, onde seus ossos apodrecem lentamente! Louvemos aos deuses sua alma! Acenderemos velas na missa de sétimo dia, no dia de todos os mortos. Perdeu a beleza, perdeu o sopro de vida, perdeu ela própria que agora é sinônimo de nada.

E pensar nisso me deixa muito feliz.

terça-feira, outubro 25, 2005

a chata vida nakaniana

Cheguei em casa na hora. O som já estava lá me esperando. Enquanto ouvia White Frogs a banheira enchia, em alguns instantes eu já caminhava com um licor na mão. No final do disco eu já estava dentro da banheira, tomando um licor. Então a banda troca, passa a tocar Teenage Fanclub. Eu ainda na banheira com um licor quase no fim.
A vida é chata.

sexta-feira, outubro 21, 2005

trechos de poesias inteiras

não me venha com meias palavras
sou fã das palavras inteiras
redondas, pontudas, bonitas ou feias
quero frases em poemas
quero imagens e delicadeza
e você me dá apenas isso?
esse monte de letras sem sentido
idéias perdidas no universo só seu
sem beleza ou sentimento embutidos
frio como um manual
efêmero como vela ao vento
mas o que esperar de você?
(...)

terça-feira, outubro 18, 2005

Uma vida nova é bom para perceber que a essência não muda.







E isso é uma bosta.

segunda-feira, outubro 17, 2005

4
Presente de Casamento, que nome besta para um bar. Mas se conformou. Precisava de uma bola de cristal para vê-la de manhã, um olho mágico para ler entre as linhas. E entrou sabendo que ela estaria lá.
De costas para entrada ela estava do lado daquele cara que ele não conhecia. Gentilmente ele passava a mão nas pernas dela. A mão de um estranho no meu vestido favorito. E sussurrava coisas no ouvido dela, que praticamente não se movia. Esse era o meu vestido favorito, sabia? Sim, você sabia...Virou de costas e saiu sem ser visto.

sexta-feira, outubro 14, 2005

3
No outro dia parecia que tudo correria bem. Os pássaros cantavam um canto matinal suave, e poucos carros passavam pela rua. Um movimento digno de um dia de domingo que realmente era domingo. A lareira ainda estava quente, e o sol brilhava timidamente. Ela se levantou e colocou o roupão. Estava sozinha. A noite anterior havia sido confusa, ele foi embora muito bravo depois de discutirem sobre aquele sujeito estranho. Mas para ela não era apenas um sujeito estranho.
A campainha tocou. Ela desceu ainda sonolenta, pensando mil coisas sem realmente pensar em nada, tocando seus pés nus no chão de porcelana. Abriu a porta na esperança de ser ele, querendo satisfações e a tomando nos braços, beijando-a loucamente, arrancando seu roupão e... Mas era apenas o leiteiro.
Do outro lado da cidade o sujeito estranho ainda estava sentado no balcão de um bar qualquer. Queria pedir mais uma dose, mas sua cabeça não parava de palpitar. Dor e idéias. A imaginação faz do ser humano um bicho medíocre, sempre preso nas suas falsas esperanças e idealizações. Ele sabia disso, por isso levantou e foi embora. Já era de manhã, ele poderia voltar até a casa dela para tirar satisfações. Acendeu mais um cigarro e caminhando lentamente tomou o rumo contrário do qual gostaria.

quinta-feira, outubro 13, 2005

2
"Então, ele ainda está lá fora?"
"Está, mas do jeito que ele é logo vai embora."
"Podemos continuar?"
"Claro..."
E ela sentou do lado dele. A sala tinha uma lareira acessa, mas mesmo assim sua luz estava ligada. O sofá aparentava confortável, e o frio de fora parecia muito longe. Ele segurou o corpo dela pela cintura e o puxou contra o seu, trazendo seu rosto para frente com o propósito de beijá-la. Ela se deixou beijar, mas não beijou.
"Alguma coisa errada?"
"Não... Nada errado."
Como poderia estar errado alguma coisa? Não gosto mais dele. Não, ele não. Mas nem dele também. Ele é tão gentil, e a noite está sendo perfeita. Tudo está correndo bem. Ela será minha essa noite, isso eu tenho certeza. Mais tarde eu digo que estou com dor de cabeça.

quarta-feira, outubro 12, 2005

1
Um sujeito com um sobretudo preto estava parado na esquina fumando um cigarro. A luz do poste pendia nele calmamente, como penderia se ele não estivesse ali, como sempre pendeu. Observava algo, mas ninguém poderia dizer o quê. Todas as portas daquela rua estavam fechadas, e algumas janelas denunciavam a luz acessa. O tal sujeito ouviu um barulho em uma porta do outro lado da rua. No mesmo instante ele se escondeu nas sombras que as sacadas do segundo andar faziam daquele lado. Logo depois a porta se abriu, mas somente uma pequena parte dela, hesitando muito. Ninguém saiu, ninguém entrou. Só era possível notar uma tímida linha luminosa que se desenhou pelo lado da porta e ficava mais forte a cada milímetro que ela abria mais. O sujeito das sombras ainda nas sombras. A porta se fechou e o barulho claro de fechadura ecoou pela rua vazia. O sujeito saiu das sombras, deu uma última tragada e jogou o cigarro no chão meio úmido. Ficou um pequeno instante olhando para a porta, olhou para o chão como se procurasse o próprio cigarro já apagado, fez um não com a cabeça e saiu devagar sem olhar para trás.

terça-feira, outubro 11, 2005

as três marias ficam logo em cima da nossa cabeça

fui dirigindo pelo lado esquerdo nas estradas kenyanas. dezenas de vezes com medo de ter estourado as rodas por causa de tanto buraco. 600 kms em 8 hroas e meia. mas valeu a pena. a última "farofada" foi ontem, em uma praia perto de malindi (aprox 20kms) chamada watamu. não é nada como o brasil, aqui as casas ficam na beira da praia literalmente e o acesso a ela fica difícil. de carro eu procurava alguma entrada para a praia, até achar uma ruazinha de terra-areia-pedra e perguntar para os passageiros: será que por ali rola? e eles me respondem: ah, tente aí... e eu fui. resultado: uma das praias mais bonitas que vi na vida (água verde, muito limpa, muito quente, areia branca, etc), como os folhetos indicam). apenas isso e nada mais.

sexta-feira, outubro 07, 2005

feriado no kenya

pega a estrada que sai de nairobi em direção à mombasa. passa pela entrada de machakos, um parque nacional quase do tamanho do próprio kenya e chega em voi. mais para frente tromba em mombasa, a região do litoral mais conhecida por aqui. tocaremos para norte, em direção a malindi, nosso destino final. dizem ser uma das praias mais bonitas da região. a cerveja já foi comprada diretamente da distribuidora (onde já conheço o cara, que sempre ri quando chego lá, será por q eu sempre pego dois engradados a cada semana?). comprei protetor solar, e já coloquei as músicas no meu mp3 player (incluindo a da gasolina, muito conhecida por essas bandas).
e lá fui eu...

quinta-feira, outubro 06, 2005

my only friend linoleum...

as impressões são muitas. sou eu lá atrás, no ônibus. sou eu na cela. sou eu dentro da sua cabeça. e bens materiais nunca significaram nada para mim, e eu não sou louco.