sexta-feira, outubro 14, 2005

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No outro dia parecia que tudo correria bem. Os pássaros cantavam um canto matinal suave, e poucos carros passavam pela rua. Um movimento digno de um dia de domingo que realmente era domingo. A lareira ainda estava quente, e o sol brilhava timidamente. Ela se levantou e colocou o roupão. Estava sozinha. A noite anterior havia sido confusa, ele foi embora muito bravo depois de discutirem sobre aquele sujeito estranho. Mas para ela não era apenas um sujeito estranho.
A campainha tocou. Ela desceu ainda sonolenta, pensando mil coisas sem realmente pensar em nada, tocando seus pés nus no chão de porcelana. Abriu a porta na esperança de ser ele, querendo satisfações e a tomando nos braços, beijando-a loucamente, arrancando seu roupão e... Mas era apenas o leiteiro.
Do outro lado da cidade o sujeito estranho ainda estava sentado no balcão de um bar qualquer. Queria pedir mais uma dose, mas sua cabeça não parava de palpitar. Dor e idéias. A imaginação faz do ser humano um bicho medíocre, sempre preso nas suas falsas esperanças e idealizações. Ele sabia disso, por isso levantou e foi embora. Já era de manhã, ele poderia voltar até a casa dela para tirar satisfações. Acendeu mais um cigarro e caminhando lentamente tomou o rumo contrário do qual gostaria.

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