quarta-feira, outubro 12, 2005

1
Um sujeito com um sobretudo preto estava parado na esquina fumando um cigarro. A luz do poste pendia nele calmamente, como penderia se ele não estivesse ali, como sempre pendeu. Observava algo, mas ninguém poderia dizer o quê. Todas as portas daquela rua estavam fechadas, e algumas janelas denunciavam a luz acessa. O tal sujeito ouviu um barulho em uma porta do outro lado da rua. No mesmo instante ele se escondeu nas sombras que as sacadas do segundo andar faziam daquele lado. Logo depois a porta se abriu, mas somente uma pequena parte dela, hesitando muito. Ninguém saiu, ninguém entrou. Só era possível notar uma tímida linha luminosa que se desenhou pelo lado da porta e ficava mais forte a cada milímetro que ela abria mais. O sujeito das sombras ainda nas sombras. A porta se fechou e o barulho claro de fechadura ecoou pela rua vazia. O sujeito saiu das sombras, deu uma última tragada e jogou o cigarro no chão meio úmido. Ficou um pequeno instante olhando para a porta, olhou para o chão como se procurasse o próprio cigarro já apagado, fez um não com a cabeça e saiu devagar sem olhar para trás.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial