quinta-feira, junho 05, 2008

Como perturbar um travesseiro

A solidão é de uma frieza tão completa que sequer as melhores cobertas são capazes de nos libertar dela. O telefone tocou. Sua voz é incansável para meus ouvidos, um doce do qual nunca enjôo.

Mas nem tudo são flores. A distância é uma falsa amiga: ao mesmo tempo em que permite a liberdade de mergulhar em uma rotina individual, fofoca pertinho de nossas orelhas expondo nossos maiores medos.

- Lembra dele?

- Sim.

- Ele disse que gosta de mim.

- Sério?

- Meio que terminou com a namorada por causa disso...

Uma coisa é dar facadas em uma alma dilacerada pelo desgaste de um amor imaginário, como se rasgam trapos velhos que sequer servem para pano de chão. Outra é tentar perfurar com um alfinete muito fino esse sentimento verdadeiramente puro que só cresce. Acreditem: o segundo dói muito mais.

Maldita distância, resmungando em minha mente semi-acordada. “Ele está perto, você longe”. “Ele entende das coisas que ela fala e você não”. “Não acha que eles são mais parecidos, que ele tem muito mais a oferecer para ela que você?”. E pronto, não basta muito para desligar o telefone com a alegria estampada nos postes da cidade em cartazes de “procura-se, viva ou morta”.

Aquela cama nunca foi tão gelada. E enquanto me viro brigando com os lençóis que sempre vencem, ela é amada por mais alguém. E ele não está a 400 km de distância.

1 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Nada... nem distância, nem o tempo, nem espera, nem outrem... nada fará diminuir o que sinto por você. Te adoro muito... faço minhas as suas palavras: "eu gosto de mim quando estou com você". Nada vai mudar isso...

5:44 PM, junho 10, 2008  

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