quarta-feira, junho 14, 2006

motivos da minha solidão

Eu estava quase bêbado naquele lugar. Era uma casa noturna, com música eletrônica e várias pessoas dançando e bebendo. Eu já tinha bebido as minhas em casa, antes de sair, como sempre faço. Naquele momento eu já estava um pouco alterado, mas ainda não o suficiente para perder a noção das coisas.

Então ela veio falar comigo. Cheirava bem, tinha um perfume suave. A música batia alta no ouvido por isso ela quase gritava na minha orelha. “Qual seu nome?”, “Tá sozinho?”, “Tem namorada?” e mais outras perguntas imbecis que não me lembro mais. Não me dei ao luxo de respondê-la. Apenas olhei para o rosto dela, próximo do meu, e ela sorria, provavelmente na mediocre tentativa de se passar por simpática. Ela era bonita. Então eu a segurei pela cintura, ela deixou. Eu fui aproximando meu rosto no dela e ela fechou os olhos. Eu fechei os meus. Com um movimento rápido dos músculos internos do meu rosto (e garganta), juntei a maior quantidade de catarro que eu podia e, assim que cheguei bem perto do rosto dela, cuspi tudo. Aquela gosma meio verde amarelada, provavelmente quente, escorria lentamente em seu rosto, logo abaixo do olho. Mas outros pingos estavam por toda parte daquele rostinho... E ela tinha medo de abrir os olhos e ver o que realmente tinha acontecido. Então, pela primeira vez naquela noite, consegui sorrir e sentir um prazer incrível dentro de mim, quase um orgasmo.

Mas é claro que não ficou nisso. Ela logo se afastou de mim, de maneira brusca (as pessoas são tão estúpidas) e abriu um olho, o do lado oposto do rosto onde o catarro verde amarelado estava grudado. Ela colocou a mão, e aquilo foi a melhor cena da noite. Entre seus dedos escorria um pouco daquele muco, e a cara dela alternava de “raiva” para “nojo” e vice-versa. Soltou um grito quando viu parte dos seus dedos verde, provavelmente sentindo a temperatura do cuspe e vendo também o fio de catarrato que conectava seu rosto e sua mão. E então, olhando para mim (finalmente) ela me perguntou indignada, quase chorando: “porque fez isso?”.

Apenas para deixar de ser otária.

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