quinta-feira, junho 22, 2006

motivos da minha solidão

Ela havia olhado para mim a noite toda. Como se eu fosse uma obra de arte encostada na parede de um museu imundo. Aquele olhar mole era patético, eu sabia muito bem disso. Mas o problema é que ela não sabia a minha opinião formada. Ela e o desejo: coisas que nunca se misturariam. Ignorei enquanto pude.

Porém, assim que eu encostei meus cotovelos no balcão do bar, ela cutucou tímida meu ombro direito. Virei para ela, sentindo aquele asco que sempre sinto quando meninas idiotas tentam chamar a minha atenção. O olhar dela era uma mistura de timidez e esperança. Seu sorriso me deu vontade de vomitar. Não era feia. Aliás, nunca achei nenhum menina feia, mas algumas são incompreendidas esteticamente. Mesmo assim esse não era o caso dela.

Ela disse “oi”. É sempre a mesma coisa, sempre o mesmo “oi” que soa doce na voz feminina. Naquela hora eu senti um frio na minha barriga, mas me controlei para não fazer nada. Mas confesso que estava em uma dura batalha, ela merecia... Bastava olhar para o seu rosto e perceber o quanto aquela situação era imbecil. Será que só eu percebia isso?

De qualquer forma eu ignorei aquele “oi”. Mas ela não desistiu. E aqui que os problemas começaram... Ela encostou a mão no meu braço direito, e eu olhei sério em seus olhos. Ela disse, quase no meu ouvido, que gostaria de me conhecer melhor, perguntando logo em seguida o meu nome. Então comecei a tremer e puxei meu braço falando para ela não encostar mais em mim. Ela arregalou os olhos, pois eu estava muito sério. Mas ela logo sorriu, provavelmente achando se tratar de uma simples brincadeira (as pessoas são tão burras) e logo colocou sua mão sobre meu braço novamente. E aquilo foi o fim!

Puxei ela pelo braço, firme, mas com cuidado para não machucá-la. Fui caminhando para o lado de fora daquele clube e ela não ofereceu resistência. Ela falava no meu ouvido para eu ir com calma, que ela tinha que avisar as amigas, que tinha que pegar a bolsa e me perguntava para onde eu a estava levando, com um leve sorriso no rosto. Me recusei a comentar qualquer coisa. E o que me dava mais nojo era o grau de excitação que saia da voz dela.

Chegando do lado de fora eu encontrei um beco escuro onde apenas alguns carros estavam parados. Ninguém à vista, o que era perfeito e exatamente o que eu queria. Puxei o braço dela com força para minha frente, e ela teve que dar três ou quatro passos apressados para não cair, dizendo para eu me conter que aquela noite ela seria minha. Não aguentava mais! Coloquei a mão no meu cinto, e ela sorriu dizendo “sempre quis fazer isso no meio de uma rua escura”. Tirei meu cinto e dobrei ele no meio, segurando a ponta oposta de onde estava a fivela. Com um movimento só, a fivela do meu cinto encontrou aquele rostinho, provavelmente deixando a marca e tirando um pouco de sangue. Um golpe perfeito. Exatamente como eu queria. Ela caiu no chão, gemendo de dor, tentando gritar, mas não conseguindo. Então ela colocou a mão no rosto, provavelmente bem no local onde eu a tinha golpeado, começando a chorar e a perguntar os “porquês” (é sempre a mesma coisa). Mas eu não tinha terminado. Imediatamente depois dei um chute, com toda a força, no lado do seu corpo. Ela quase voou, caindo de costas no chão e se contorcendo de dor. Então dei outro chute, tão forte quanto o primeiro, no outro lado. E depois mais um chute no rosto. Ela não conseguia falar, chorava e gemia. Tudo tinha sido tão rápido que nem mesmo gritar ela conseguiu. E só depois disso é que consegui me acalmar e me sentir feliz novamente.

Virei de costas e fui caminhando. Então ouvi ela perguntar o que tinha feito, com uma voz rouca e chorosa. Sorri, pois a imbecilidade dela era incrível! Eu certamente não tinha dado tudo o que ela merecia. Voltei, eram apenas alguns passos. Cuspi sobre ela e disse: “eu falei para não encostar em mim!”, virando de costas novamente e saí de uma vez daquele lugar fedendo um perfume enjoativo, provavelmente dela.

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