segunda-feira, maio 08, 2006

a última vez também pode ser a primeira

Os olhos dela caíram devagar acompanhando a penumbra que seu corpo formava na parede do quarto por causa do luar. Estava sentada na cama, com seus cabelos desarrumados e seu corpo nu coberto por um lençol branco sujo de sangue em boa parte dele. E ele dormia tranquilamente ao seu lado, praticamente inerte, com respirações profundas e lentas que pareciam acompanhar o vento antes da chuva que balançava as poucas árvores da rua cinza do lado de fora. Tinha sido sua primeira vez.

Não sentiu nada de especial como esperava. Não sentiu prazer, sentiu um pouco de dor, fingiu e satisfez aquele que a amava. Mas estava vazia... Naquele momento ela era apenas mais uma. Quis chorar, mas não conseguiu. Quis gritar, mas não tinha ânimo. Olhou para o copo na cabeceira da cama. Olhou para o chão com as roupas esparramadas. Olhou para a cama dessarrumada. Olhou para si mesma. Em nenhum desses lugares achou alguma coisa. Deu um gole. O último. E deitou ao lado daquele que a amava e fechou os olhos tentando não pensar em mais nada. Desta vez era para não acordar nunca mais.

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