terça-feira, maio 23, 2006

deformações materiais dos dias que sempre acabam

“Tudo isso é inútil, inútil...” repetia em sua mente enquanto caminhava naquela calçada de cimento já gasto. Seus sapatos de couro alemão (o sapato!, não o couro) raspavam a sola conforme seu passo rápido ditava a velocidade do seu deslocamento. Cabeça baixa, mas olhar atento. Enquanto isso, peças daquele quebra-cabeça estavam sobre a mesa da sala de chá da Senhora Von Carbernè, que passava as férias tranquila em algum exótico país asiático do litoral do pacífico. “Mal sabe ela... Mal sabe!”. E foi incrível como, no passo anterior ao seu tombo, ele conseguiu chorar duas gotas salgadas pela doce Letícia, sobrinha e única herdeira da Senhora Von Carbernè. “É tarde, é tarde... Eu não posso ser a última esperança dela! Não, não posso!”, foi a única coisa que pensou já com a bala cravada em seu corpo. Também foi a última.

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