sexta-feira, junho 03, 2005

o dia dos namorados está chegando...

No início sempre parece que as coisas vão ser diferentes. Naquela noite, ele, o garoto triste, estava sentado na mesa do bar com um copo de cerveja meio vazio a sua frente. Bebia pequenos goles devagar, olhando a sua volta. Ele a esperava. Somente isso.
Ela chegou atrasada como sempre. E ele olhou com desgosto para ela. Ele já sabia o que tinha que ser feito, mas ainda não havia tomado a coragem necessária para fazê-lo. Não que as coisas para ele fossem difíceis, mas é que ele ainda tinha dúvidas. O futuro não seria como ele queria, mas nem sempre as coisas saíam da forma esperada. Isso era um aprendizado importante... O problema é quando você deve tomar a iniciativa para mudar algo que simplesmente não quer que seja alterado. Mas ele não podia viver com isso.
Ela se aproximou da mesa e ele levantou apenas o olhar para ela. Um olhar sério, que já denunciava as suas intenções. Ela sentiu isso, portanto seu sorriso inicial ao vê-lo faleceu. Mesmo assim ela se inclinou e procurou a boca dele com a sua, e o beijo foi levemente correspondido. Imediatamente ela se sentou ao lado dele, com suas mãos sobre a mesa, mexendo no copo vazio que o garçom havia acabado de trazer. Com um movimento lento e mergulhado em total silêncio, ele pegou a garrafa de cerveja pela metade e encheu o copo que ela segurava. Ela sorriu, mas ele permanecia sério, sem olhar diretamente para ela. Ela então suspirou e perguntou:
- O que foi?
Ele permaneceu em um longo silêncio. Não queria adiantar as coisas. Começou a tremer, pois sabia que a hora seria aquela, pois também não queria adiar. Então ele respondeu secamente que deveriam conversar seriamente. Ela balançou a cabeça concordando e questionou se havia algo de errado com sua saúde, com sua família, com sua condição financeira... Ele balançou a cabeça negativamente e emendou seco:
- É entre nós que está errado.
Ela bebeu alguns goles de sua cerveja e notou que ele ainda não olhava para ela. Então ela pediu para que ele olhasse em seus olhos, mas ele hesitou muito. Depois de um tempo nesse silêncio, ele levantou o olhar e a encarou. Então ela percebeu a carga de sofrimento que ele carregava, e que havia mesmo algo muito errado. Os olhos dele estavam úmidos, e ela agora estava se sentido desconfortável.
- Eu vi... – Ele disse.
- Viu o quê?
- Você...
- Eu? Onde?
- E aquele cara!
Ela ficou em silêncio. Ele ainda olhava para ela, e agora seus olhos estava fixos nos dela. E dessa vez foi ela que olhou para a mesa, desviando o olhar e bebendo mais alguns goles de cerveja. Então ela também começou a tremer.
- Que cara? – Ela perguntou timidamente.
- Domingo passado no parque. Você e ele de mãos dadas, olhos fechados e lábios colados.
Ela permaneceu em silêncio. Ele agora não olhava mais para ela, mas sim para baixo, e respirava profundamente. Sua voz tremeu ao dizer aquelas palavras, e ela permanecia séria. Então ele pegou seu copo e bebeu alguns goles.
- Eu... Escute, é de você que eu gosto – ela disse.
Ele permanecia olhando o nada, apenas com seu copo na mão.
- Por favor, me escute! Foi a primeira e última vez... Eu tinha dúvidas, mas agora as coisas estão mais claras para mim. É de você que eu gosto! – a voz dela parecia suplicar.
Ele suspirou fundo. Alguns instantes de silêncio se passaram até ele responder:
- Eu te amo.
Ela colocou as mãos na cabeça e começou a chorar. Em um lento movimento ele retirou uma nota do bolso e deixou sobre a mesa. Sem olhar para nada ele se levantou e saiu do bar, deixando para trás sua alma, deixando para trás sua alegria, e perdendo as esperanças em tudo o que haveria de sentir dali em diante.

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