sexta-feira, dezembro 10, 2004

Capítulo 07

Caminhei alguns metros naquele corredor escuro tateando a parede. Pelo tato percebi uma rápida mudança de concreto para madeira, pelo menos era o que parecia. Parei rapidamente para me certificar do que se tratava.
- Não, não faça assim – Ela disse.
- Você gosta...
- Não aqui, por favor!
- Sim, sim... Aqui não tem problema – Fui passando a minha mão entre suas pernas.
- Ai, assim não...
- Vem cá – Puxei seu corpo contra o meu – Vem cá, não finja que você não quer.
- Hum.
Minha mão tocou a maçaneta. Através do tato era fácil perceber que se tratava de uma porta. Rodei a maçaneta lentamente, e depois empurrei a porta. Meus olhos imediatamente viram uma linha branca que mostrava o contorno daquela passagem na medida que eu abria, graças a luz que vinha de lá de dentro. Depois de totalmente aberta, meus olhos demoraram alguns instantes para se acostumarem com a luz agora aparentemente farta.
Parecia um escritório bem iluminado. Uma mesa estava no canto, mas não havia janelas. Do lado esquerdo havia uma estante com alguns livros. Do outro lado apenas uma parede branca e no teto um lustre que estava acesso. Não havia outro acesso para aquele local. Percebi uma cadeira cor-de-rosa atrás da mesa, e pensei que não era exatamente o que eu chamava de bom gosto. Mas aquilo não me incomodou. O ar parecia pesado, como se não tivesse ventilação durante muito tempo. Cheiro de livros velhos. Bastou uma rápida olhada pelos livros para perceber que não eram novos. Tudo isso foi visto quando eu ainda estava no corredor, na beira da entrada, contemplando esse novo ambiente.
Aproveitei a luminosidade que vinha desse escritório para olhar novamente para os dois extremos do corredor. De onde eu vinha a luz morria antes de chegar na porta onde entrei. Era assustador. Do outro lado, onde o corredor no qual estava continuava, a impressão era a mesma. Notei que as paredes do corredor eram azul-esverdeadas. Dos dois lados o corredor iluminado morria na escuridão eterna. Aquilo me deu calafrios, então resolvi entrar no escritório.
Bastaram alguns passos para chegar ao centro do cômodo. Eu queria atingir a mesa e verificar as gavetas, sempre é bom tentar descobrir alguma coisa, mesmo quando não se sabe o que se procura. Olhei para a cadeira cor-de-rosa, que parecia recentemente usada, apesar do ar pesado daquele ambiente. Assim que coloquei a mão na mesa ouvi a porta daquele escritório bater fortemente, e logo depois um barulho de chave sendo passado pela fechadura e dando duas voltas. Ao mesmo tempo corri para tentar evitar que fosse trancado, gritando e gesticulando, mesmo sabendo que de nada adiantaria. Minha impressão estava correta. Tentei a maçaneta, mas não teve jeito. Eu estava trancado pela segunda vez.

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