quinta-feira, dezembro 09, 2004

Capítulo 06

Meu joelho estava machucado. Eu chorava, pois eu sentia uma dor ardente na região do impacto enquanto todos os outros garotos me olhavam. Eles haviam parado o jogo somente para contemplar o meu sofrimento. Ao mesmo tempo eu queria continuar jogando.
O corredor estava totalmente escuro. Não dava para ver nada, apenas ouvir os passos do guarda se afastando da porta fechada atrás de mim. Levantei, segurando nas paredes ao lado, depois de pegar o máximo de objetos que achei, pelo tato, no chão. Não sabia dizer se eram meus ou se já estava ali quando cheguei. Abri bem meus olhos, mas em vão. Um cego no meio de um lugar que não conhecia.
Eu ainda ouvia a minha respiração. Dei um passo para frente, lentamente. Depois outro, sentido primeiro o chão com meus pés para verificar se estava realmente firme. Após alguns passos comecei a acelerar o meu andar, sempre guiado pelas mãos que estavam sendo arrastadas pelas paredes. Tudo era liso. O cheiro não era diferente, também liso. Estranhamente não ouvia os barulhos das máquinas que ouvi do lado de fora. Quando esse pensamento me ocorreu fiquei com medo.
Corri para casa, mesmo com meu joelho raspado. Entrei correndo pela porta da cozinha e abracei a minha mãe em lágrimas. Ela olhou para mim, com aquele olhar doce das mães que confortam os filhos, e era o que eu estava buscando, e me disse, sorrindo um pouco, que não tinha sido nada grave. Realmente, não tinha sido. Mas o conforto materno era algo que é sempre bem-vindo. Com ela, eu não tinha medo.

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