segunda-feira, março 29, 2004

Quem disse?

Procuro não temer o futuro por já estar nele. Sempre penso nele, e isso é uma maneira de ficar nele. Claro que esse assunto é complicado, pois nem sempre o futuro que estou é realmente aquele que virá um dia. Isso damos o nome de planejamento. Sentei na frente de um computador e comecei a fazer o meu, na minha cabeça, imaginando como seria bom se as coisas fossem mais estáveis, se eu sentisse menos medo das mudanças, da incerteza. Não gosto de sentir medo. Daí veio uma mosca, e ficou voando no meu ouvido, fazendo aquele barulho chato. Mosca chata! Queria esmagá-la como mais um inseto qualquer, mas tive pena. Ter pena é um dos piores sentimentos do mundo. A mosca continuava viva, muito viva, perto de mim enquanto eu a queria distante. Por pouco não espremi seu minúsculo ser, vendo e sentindo toda a agonia que precede uma morte trágica. Sinto um pouco de arrependimento, mas nem tanto. Aquela mosca não merecia morrer, eu não tinha poder sobre ela, nem sobre qualquer outra. Não ligo para as moscas, elas sempre voam em volta da merda mesmo. Mas, ainda tenho medo. Ser sempre essa bosta, ser sempre tudo isso e nunca ser suficiente. Desculpe por ser humano.

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