terça-feira, janeiro 27, 2004

Dogville (leia apenas se você viu o filme)

O último filme do Lars von Trier não deixa a desejar. Como sempre, é possível notar desde o início algumas características já próprias do cineasta, como: câmera tremida (na mão), filme picotado (cortes abruptos, porém com uma conexão entre as seqüências), o pouco uso de música e o baixo custo de produção. O que mais impressiona é a "linda" cidade, que, do jeito que é montada, deixa o filme muito mais próximo do teatro. O filme se passa inteiro em um palco, e são três horas. A originalidade tem um motivo, e essa é a minha interpretação: não importa como a cidade é, ela pode ser de qualquer jeito (e isso fica a cargo da imaginação do telespectador), e, por essa razão, também não existe uma cidade realmente. Ela é todas, e é nenhuma ao mesmo tempo.
Também é interessante o jeito que a personagem irá construindo suas relações na cidade, e aos poucos os habitantes vão se mostrando como realmente são. No final, descobrimos os motivos que levaram Grace (Nicole Kidman) a parar nessa vila, e também que todos eles (todos os seres humanos) são corrompidos de alguma forma. A metáfora dos bonecos de cera, que aos poucos vão sendo conquistados com muito trabalho para depois serem destruídos facilmente, é uma boa pedida, mas o narrador deixa isso muito claro. Enfim, é um dos filmes que vale a pena ver pelo o que pretende mostrar e pelo jeito que ele mostra.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial